sábado, 28 de março de 2015

Eu e os livros digitais

Tenho lido (e assistido) a uma discussão veemente sobre tablets e e-readers, qual é o melhor para ler, se é um desperdício ter os dois. Para tentar ajudar, resolvi contar a minha experiência com livros e leitores eletrônicos.
Há cerca de dois anos, por conta do mestrado, me mudei de casa para um quarto de estudante e isso causou uma mudança nos meus hábitos de leitura. Sempre gostei de ler e em casa tinha espaço para os meus livros, já aqui não.
Mas, como tinha meu tablet e já havia lido alguns livros nele, achei que não teria problemas em passar dos livros físicos para os e-books. Só que ler um livro de vez em quando no tablet, porque você está viajando ou não o encontrou em versão impressa é uma coisa, pois geralmente você lê dentro de casa, no avião ou a noite em um quarto de hotel.
Agora, quando você passa a ter que ler nele todos os dias, e quer aproveitar o tempo de trajeto do ônibus ou os espaços de leitura da universidade (sob uma árvore ou a beira de um lago por exemplo), a coisa começa a ficar um pouco mais difícil. No ônibus, dependendo do ângulo e do horário, além de você só enxergar reflexo, pode cegar um passageiro que está sentado no outro lado e não tem nada que ver com a história. Sob a sombra de uma árvore ou em uma varanda a leitura já é melhor, mas, basta qualquer nuvem diferente ou uma sombra estranha e você acaba prestando atenção no reflexo e não no texto. Consequência, minha frequência de leitura caiu, principalmente a leitura “não acadêmica”, fora dos livros e textos do curso.
Até então, eu tinha um certo preconceito contra os e-readers, principalmente porque achava um tablet mais completo (com mais funções) e a tela maior (8”, o meu), mas comecei a pesquisar e ver que embora tivessem a tela menor, 6 polegadas em média, a tecnologia era melhor. Dentre as escolhas disponíveis, acabei optando por um Kobo Touch, que além de aceitar vários formatos de arquivo e possuir entrada para cartão micro SD, encontrei em uma promoção na época por R$ 199,00 (o famoso, “para testar”).


Não me arrependi, nesses quase 18 meses ele tem sido um companheiro fiel, já li muitos livros nele (19, segundo a reading life). Como a tela é antirreflexiva e usa a tecnologia e-ink, posso ler no ônibus, ao ar livre, em casa ou na universidade, desde que seja minimamente iluminado, pois ele não tem iluminação própria. Além disso, ele é leve (sim sr. George R. R. Martin, estou pensando em você) e a bateria dura bastante, tanto que as vezes me esqueço de verificar a carga, e mesmo quando ele diz que a bateria está fraca ainda dura umas duas horas ou mais.
É tudo flores então? Não! Apesar dele ter me ajudado muito a voltar a ler (principalmente livros não acadêmicos), há algumas limitações. Textos com gráficos coloridos e arquivos em PDF por exemplo eu continuo lendo no tablet ou no computador, e isso inclui quase 100% dos artigos acadêmicos que leio. Livros de Física são difíceis de encontrar em ePub, muitos pela sua formatação, só impresso. A iluminação na tela é outra coisa que antes de ter um e-reader você não dá valor (livro não é retroiluminado), mas ajuda bastante, e não só para ler no quarto, muitos lugares são mal iluminados e impedem uma boa leitura.
Para tentar resolver a questão dos PDF's e da iluminação da tela, comprei um Lev da Saraiva, que ainda não chegou, quando tiver testado escrevo sobre ele. Mas posso dizer que para quem lê muitos livros em texto, seja por prazer, estudo ou trabalho, um e-reader é uma ótima aquisição. Ele é pensado para quem lê e a tecnologia da tela é ótima, se puder comprar um com retroiluminação melhor, mas mesmo um modelo simples lhe dará uma experiência de leitura mais prazerosa que um tablet (minha opinião).


Diferença de uma página no tablet e no e-reader.